terça-feira, 5 de junho de 2012

Suicídio

Da alta ponte
ela ameaçava se lançar
se seu amor não voltasse
nos braços azuis do oceano
ela iria mergulhar 


Um pequeno público se amontoou
flashes, vozes, multidão
mas de quem ela queria atenção
nem sombras, desilusão
Seu apelo já estava ao vivo na televisão


O relógio passeou
já cobravam o fim do show
nem sinal de seu ingrato amor
o canalha despedaçou um frágil coração 
e nele sapateou




Imaginou-se caindo no mar
inchada, roxa na praia
O safado não a merecia
que ficasse com sua loira lacraia




Teve então um momento de sabedoria
Sua vida não estragaria
Quantos amores ainda teria
quantos lábios ainda beijaria




Foi então que ela, triunfante
Seus minutos de fama eternizou
desceu digna do alambrado
e em meio a vaias e palmas
deu uma de artista
beijou o cinegrafista
e esqueceu o vigarista


Toda vez que passa pela mesma ponte
ela ri de seu passado
hoje o traíra safado 
paga 3 pensões alimentícias
está gordo e acabado
feio e desdentado


E ela?
Linda, feliz e livre...


Algumas vezes é preciso suicidar nosso velho eu
e em seu lugar, nascermos mais lindas, leves e livres.


Vamos subir à ponte?
Do outro lado
há um novo horizonte...




Liliane






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